“Diz-me alguma coisa, que os livros e folhetos desta espécie hão de ser lidos com grande avidez, lá pelos anos de 1980, e ainda mais tarde, se Deus lhes der vida e saúde. A história estuda-se em documentos assim, não preparados, mas ingênuos e sinceros; é deles que se pode sacar a vida e a fisionomia de um tempo.”
Machado de Assis, na coluna Balas de Estalo de 22 de março de 1886.
Machado de Assis se referia ao folheto Leis e resoluções da província da Bahia votadas no ano de 1885, mas pode-se dizer que ele estava definitivamente certo: este livro chegou às suas mãos. Ao longo de quatro anos, a coluna Balas de Estalo foi publicada na página dois da Gazeta de Notícias, no Rio de Janeiro. Com o pseudônimo de Lélio, Machado de Assis era um dos cronistas que colaboravam para a coluna e contribuiu com 125 textos. Ao dialogar com o leitor sobre assuntos do cotidiano, da política e da sociedade brasileiras do final do século XIX, Machado vai, na voz de Lélio, exercitar não só a escrita do gênero crônica – híbrido entre o jornalismo e a literatura –, mas também inventar novas formas de contar e recontar fatos e acontecimentos em estalos que conectam o passado e o presente e nos fazem refletir sobre o futuro.
Você vai conhecer 52 dessas crônicas, selecionadas com o intuito de que você leia, por exemplo, uma por semana, ao longo de um ano. Se fizer isso e for um investigador sagaz, como diria Lélio, vai descobrir que Machado estava certo: a vida e a história de um tempo estão não necessariamente nos grandes acontecimentos, mas em pequenos achados do cotidiano.
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